sábado, 19 de fevereiro de 2011

A história das penas

Raros dentre nós têm a oportunidade de ver as grandes maravilhas da natureza. Nunca podemos dar uma espiada no olho de uma lula-colossal, tão grande quanto uma bola de basquete. O mais próximo a que chegamos de uma presa de narval, parecida com a de um unicórnio, é por meio de fotos. Mas há uma maravilha natural acessível a todos, e para presenciá-la basta olhar para o céu.As aves são de tal modo comuns, até mesmo nos locais mais urbanizados do planeta, que é fácil ficar indiferente. No entanto, elas preservam muito do legado dos dinossauros e são dotadas de uma engenhosa plumagem que lhes permite voar. Para suportar a força das correntes de ar, uma pena de voo tem formato assimétrico, com a borda de ataque fina e rígida e a borda de fuga longa e flexível. A fim de gerar a força de sustentação, a ave só precisa inclinar as asas, ajustando o fluxo de ar tanto embaixo quanto acima delas.
As asas dos aviões aproveitam alguns desses mesmos truques aerodinâmicos. Contudo, uma asa de ave é bem mais complexa do que qualquer coisa feita de placas metálicas e rebites. A partir da raque, o eixo central da asa, projeta-se uma série de barbas mais esguias, cada qual dando origem a bárbulas (filamentos) ainda menores, como ramos de um galho, todas dotadas de minúsculos ganchos. Eles se agarram aos ganchinhos das bárbulas adjacentes, criando uma trama leve e resistente. Quando um pássaro usa o bico para limpar as penas, as barbas se separam com facilidade e logo depois se recompõem.A origem desse mecanismo admirável é um dos enigmas mais persistentes da evolução. Em 1861, dois anos depois de Darwin ter publicado A Origem das Espécies, os trabalhadores de uma pedreira na Alemanha toparam com fósseis espetaculares de uma ave do tamanho de um corvo, batizada de Archaeopteryx, que viveu há cerca de 150 milhões de anos. Ela tinha penas e outras características de aves vivas mas também resquícios de um passado reptiliano, tais como dentes na boca, garras nas asas e uma cauda óssea comprida. Como os fósseis de baleias com pernas, o Archaeopteryx parecia ser um instantâneo de uma metamorfose evolutiva crucial. "Para mim, é algo notável", confidenciou Darwin a um amigo.O caso teria sido mais espantoso se os paleontólogos pudessem encontrar alguma criatura ainda mais primitiva dotada de penas - algo que buscaram em vão na maior parte do século e meio seguinte. Enquanto isso, outros cientistas tentaram elucidar a origem das penas por meio do estudo das escamas dos répteis modernos, os parentes vivos mais próximos das aves. Tanto as escamas como as penas são planas. Por isso, talvez as escamas dos ancestrais das aves tenham se esticado ao longo das gerações. Mais tarde suas bordas poderiam ter se rasgado e se dividido, transformando-as nas primeiras penas verdadeiras.E também fazia sentido que essa mudança tivesse ocorrido como uma adaptação ao voo. Vamos imaginar os ancestrais das aves como pequenos répteis escamosos e quadrúpedes, vivendo na copa das árvores e saltando de uma árvore para outra. Se tivessem se tornado cada vez maiores, as escamas teriam proporcionado uma força de sustentação crescente, a qual teria permitido que essas protoaves planassem por distâncias cada vez maiores. Em resumo, a evolução das penas teria acompanhado a evolução do voo.Essa hipótese de que as penas teriam levado ao voo começou a degringolar na década de 1970, quando o paleontólogo John Ostrom, da Universidade Yale, notou as surpreendentes semelhanças entre o esqueleto das aves e o dos dinossauros terrestres denominados terópodes, um grupo que inclui monstros famosos, como o Tyrannosaurus rex e o Velociraptor. Era óbvio, argumentou Ostrom, que as aves eram os descendentes vivos daqueles gigantes; mesmo assim, muitos dos terópodes conhecidos tinham pernas grandes, braços pequenos e cauda longa e robusta - características anatômicas que não combinam muito com criaturas acostumadas a saltar de uma árvore para outra.
Retirado de :
http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-131/evolucao-das-penas-616558.shtml

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

2011: internacional e centenário!

Neste ano de 2011 temos algumas datas comemorativas relacionadas à ciência, como por exemplo, a comemoração do Ano Internacional da Química.
E por falar em química, comemoramos este ano o centenário de Marie Curie, cientista polaca que recebeu dois Prêmios Nobéis. O primeiro foi o Nobel de Física, em 1903, "em reconhecimento aos extraordinários resultados obtidos por suas investigações conjuntas sobre os fenômenos da radiação, descoberta por Henri Becquerel". Foi a primeira mulher a receber tal prêmio. O segundoveio em 1911, o Nobel de Química, “em reconhecimento pelos seus serviços para o avanço da química, com o descobrimento dos elementos rádio e polônio, o isolamento do rádio e o estudo da natureza dos compostos deste elemento”. Com uma atitude generosa, não patenteou o processo de isolamento do rádio, permitindo a investigação das propriedades deste elemento por toda a comunidade científica.
Ainda este ano comemoramos os 100 anos da Fundação do Instituto Max Planck para o Progresso da Ciência. Este foi estabelecido em março de 1994, em Berlim. Suas investigações são dedicadas principalmente para a história das ciências, mais especificamente das ciências naturais, mas com perspectivas metodológicas esboçadas das ciências cognitivas e da história cultural. Todos os três departamentos do instituto visam a construção de uma "epistemologia histórica" das ciências. O instituto é afiliado ao Instituto Max Planck, que está localizado também em Berlim. Este instituto recebeu o nome em homenagem a Max Karl Ernst Ludwig Planck, físico alemão considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi agraciado com o Nobel de Física de 1918.
Há 100 anos atrás, Ernest Rutherford criava o modelo atômico nuclear, também conhecido como modelo planetário do átomo, onde os elétrons circundavam o núcleo de um átomo como os planetas ao redor do Sol. O modelo atual do átomo mudou desde Rutherford, mas sua idéia foi substancial para a ciência e extremamente didática.
Este ano também é o Ano Internacional das Florestas. E sabem por quê? As florestas cobrem cerca de 31% de toda a área terrestre do planeta e têm responsabilidade direta na garantia da sobrevivência de aproximadamente 1,6 bilhões de pessoas e de 80% da biodiversidade terrestre. Pela importância que têm para o planeta, elas merecem ser mais preservadas e valorizadas e, por isso, a ONU declarou que 2011 será o Ano Internacional das Florestas. A ideia é promover durante os próximos 12 meses ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de floresta do planeta, mostrando a todos que a exploração das matas sem um manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos para o planeta, entre eles: a perda da biodiversidade; o agravamento das mudanças climáticas; o incentivo a atividades econômicas ilegais, como a caça de animais; o estímulo a assentamentos clandestinos e a ameaça à própria vida humana.

POR UMA CULTURA DE PAZ

A Não-violência é um conceito muito especial para a cultura da paz, é um dos valores humanos mais importantes, acredito que o mais importante dentre todos, por ser uma síntese deles. Não poderia deixá-lo de lado, pois,  se queremos uma sociedade realmente pacífica, com educandos pacificados e pacificadores, precisamos conhecer e aprender este conceito em sua forma prática.
O termo refere-se a uma série de conceitos e valores sobre ética, moralidade, diversidade, poder e conflitos que rejeitam completamente o uso da violência nos esforços para a conquista de objetivos sociais e políticos. Geralmente usado como sinônimo para pacifismo, a partir do meio do século XX o termo não-violência passou a ser aplicado também para designar conflitos sociais que não utilizavam o uso de violência, assim como movimentos políticos, religiosos, educativos e filosóficos que também utilizam os mesmos conceitos.
A Não-violência não entende que o fim justifica o meio, e sim que o fim é um resultado do meio, num ciclo de causas e efeitos que se correlacionam e se estendem numa espiral evolutiva. Desta forma, a paz não pode ser obtida através de métodos violentos e repressivos. Uma "paz" que se pretende obter através da opressão, cessa assim que os instrumentos de repressão deixam de ser utilizados, logo, um estado real de paz não se mantém quando ela não se estende a todos os indivíduos de uma sociedade.
“Não-Violência” ou método “Ahimsa”, que segundo Weil (1993), “ é uma palavra que vem do sânscrito que trata de um respeito profundo a todas as formas de vida do planeta, concebidas como sagrada” .
Ainda segundo Weil, Mahatma Gandhi, um dos maiores líderes do pacifismo mundial mostrou a força do ahimsa ao fazer a transposição dessa filosofia para a política e elaborou a teoria da resistência pacífica, que nas palavras dele mesmo quer dizer: “A não-violência é a completa ausência de malmequer para com tudo o que vive.
A não-violência sob a sua forma ativa é boa vontade para com tudo o que vive. Ela é amor perfeito” e “força do amor ou força da alma”. Por isso, a "Não-Violência" proposta por Gandhi é chamada também de “Não-Violência Ativa”.
Assim, a não-violência como atitude prática nas escolas e na vida, representa uma ação, uma “luta”, uma oposição ou resistência a todo e qualquer tipo de violência. A não-violência como escolha de valores, significa buscar uma maturidade de relacionamento, participação ativa na vida sem imposição, representa a conscientização de que a não-violência é um valor de cidadania, ou seja, para se viver bem em sociedade, é preciso aprender a conviver, é preciso dialogar e respeitar as diferenças e poder interagir com dignidade, justiça e respeito.




Jai Brasil

CURIOSIDADES

A DOENÇA MAIS ANTIGA DO MUNDO


Atualmente, médicos e especialistas têm conhecimento acerca de inúmeras doenças, de todas elas a mais antiga é a hanseníase. Os primeiros registros dessa doença datam de 1350 a.C.. Apesar de ser muito antiga, o tratamento eficaz da doença só foi descoberto no começo dos anos 80, com o desenvolvimento da poliquimioterapia.
A hanseníase é provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, também conhecida como Hansen, ela agride principalmente os nervos e a pele, podendo, em estágios mais graves, resultar em deformações. A lepra, como era conhecida, consome, resseca, agride e penetra na pele, deforma nervos, músculos e ossos.


SEIS DICAS PARA COMBATER O ESTRESSE


O estresse pode tornar uma pessoa irritada, impaciente e impossibilitada de se concentrar em tarefas. Outras pessoas perdem o sono ou descontam a ansiedade comendo alimentos nada saudáveis.
Para os que sofrem diariamente com situações de estresse, existem boas notícias: independente da falta de tempo e do número de obrigações a serem cumpridas, sempre há uma maneira de controlar o estresse.

Causas do estresse

Basicamente, o estresse surge devido ao número de exigências e obrigações, de diversos níveis, que as pessoas recebem todos os dias. Essas exigências são físicas, mentais, emocionais, e até mesmo de natureza química. A palavra “estresse” é utilizada tanto a situação estressante quanto os sintomas vivenciados sob sua influência (resposta ao estresse).
O estresse ativa o sistema nervoso simpático, estimulando a liberação de hormônios por todo o corpo da pessoa estressada. Esses hormônios dão energia a pessoa, como a reação de “luta ou fuga” (espécie de “alarme” que toca internamente em situações que o corpo se encontra em perigo).
A reação de “luta ou fuga” faz o coração bater mais rápido. A pessoa pode se sentir muito nervosa e com dificuldades para respirar. A curto prazo, a reação de “luta ou fuga” provoca modificações que permitem a pessoa lidar com situações de estresse.
Quando a situação de estresse é enfrentada (ou mesmo quando algum acontecimento estressante é apenas lembrado) as alterações hormonais deixam o corpo em estado de grande excitação, preparando a pessoa para a ação.
O estresse pode ser positivo (como a ansiedade antes de uma festa de aniversário ou recebimento de algum prêmio, por exemplo) ou negativo (discussão no trânsito ou briga com chefe, por exemplo), dependendo da situação. Se contínuos, podem levar à perda de produtividade, problemas de saúde e exaustão.
Quais são os sintomas?
Os sintomas do estresse variam bastante entre uma pessoa e outra, mas geralmente, todas as pessoas se sentem pressionadas e sobrecarregadas. Outros sintomas são:
  • Queixas de dores físicas (dores de estômago, de cabeça, no peito, náuseas, diarréia, sensação de dormência ou formigamento em mãos, braços e rosto).
  • Mudanças de comportamento em casa (choro sem motivo, raiva inexplicável, explosões temperamentais).
  • Problemas para adormecer, pouco sono ou sono exagerado, pesadelos.
  • Dificuldade de comunicação e alterações na personalidade, como por exemplo, exigir mais atenção que o usual ou se tornar uma pessoa quieta.
  • Impaciência, intolerância e irritabilidade.
Quem está vivenciado algumas dessas características têm chances de estar em um nível alto de estresse. Se não controlado, o estresse pode levar a sentimentos permanentes de desamparo, ou mesmo ao desenvolvimento de doenças como a depressão e ansiedade.
Muitas vezes os sintomas do estresse são confundidos com estas doenças. Uma das principais formas de diferenciar é que o estresse normalmente cede quando a situação estressante é afastada.

6 estratégias para controlar o stress

1. Identifique as fontes do estresse
Tente descobrir os desencadeantes. Você se sente ansioso antes de uma prova? Está com a agenda cheia de compromissos? Talvez você esteja além do limite, e se sente irritado e cansado. Após identificar as fontes, tente minimizá-las o máximo possível.
2. Fale e compartilhe
Explique ao seu professor que está tendo problemas com alguma matéria, por exemplo. Converse com amigos sobre como está se sentindo. Expor os sentimentos sem ser julgado é essencial para manter uma boa saúde mental e lidar melhor com estresse.
3. Reserve mais tempo para você
Antes que você chegue ao limite máximo, procure um tempo para ficar só. Um tempo para fazer o que quiser, longe das preocupações e responsabilidades do mundo. As vezes este tempo tem que ser obrigatório, ou seja, reservado para uma atividade de relaxamento ou lazer.
4. Defina limites
Não tenha medo de dizer “não” antes de assumir grande número de compromissos, especialmente se você está equilibrando seu tempo entre faculdade, trabalho e atividades extracurriculares. É importante saber definir as prioridades, para não se sobrecarregar. Dizer “não” pode, alem de ajudá-lo a controlar o estresse, dar-lhe mais controle sobre sua vida.
5. Controle a respiração
Respirar pode medir e alterar o seu estado psicológico, fazendo um momento estressante aumentar ou diminuir de intensidade. Prestando atenção em sua respiração. Inspirar profundamente e em seguida soltar o ar lentamente é uma excelente técnica para se sentir mais relaxado.
6. Exercite-se diariamente
Exercícios aumentam a liberação de endorfina, substancias produzidas naturalmente no cérebro que trazem sentimentos de tranqüilidade. Muitos estudos mostram que o exercício, juntamente com o aumento da liberação de endorfina realmente faz aumentar a confiança e auto-estima e reduzir as tensões. Além do mais, se você já andou por vários quilômetros, você sabe como é difícil pensar em seus problemas, quando a sua mente está focada em andar.

O stress pode deixar as pessoas doentes?

O problema do estresse é que ele é cumulativo. Em outras palavras, se você não tiver uma boa maneira de lidar com o estresse ou contrabalançar a reação de “luta ou fuga”, a constante exposição aos hormônios sobrecarregam o corpo.
Alterações nos níveis de hormônios produzidos pelo stress podem prejudicar a saúde. Quando os níveis de stress aumentam, acontece uma superprodução de hormônios que enfraquecem o sistema imunitário. Isto pode levar a problemas físicos e psicológicos.

Quando devo procurar ajuda?

Quando o estresse interromper a sua vida, causando problemas na hora de dormir ou fizer você se sentir ansioso e fora de controle, fale com um profissional da saúde. Ele poderá recomendar um terapeuta que poderá oferecer apoio e dar-lhe alguns conselhos práticos na forma de lidar com o estresse sem deixá-lo assumir a sua vida.
Um sinal de alerta é quanto a sensação de estresse invade situações não relacionadas a ele, como o convívio social, familiar e os momentos de lazer.



ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE AS VITAMINAS

As Pesquisas

Após 40 anos de pesquisa, não há evidências conclusivas para dizermos que a suplementação com vitaminas melhora o desempenho físico em indivíduos bem nutridos. Alguns estudos demonstram que as necessidades diárias de algumas vitaminas, podem ser aumentadas em determinadas práticas esportivas, apenas sob condições especiais.

Na Quimica

As vitaminas são substâncias orgânicas que não fornecem energia, nem contribuem para o aumento da massa muscular. Suas funções estão relacionadas à utilização dos nutrientes pelo organismo. Portanto, propagandas dizendo que Vitamina C é pura energia, na verdade é pura ilusão.

Necessidade?

Existem somente 13 vitaminas conhecidas como necessárias na nossa dieta, classificadas em dois grupos, as Hidrossolúveis ( vitaminas do complexo B e a vitamina C ). Em geral as vitaminas Hidrossolúveis não são tóxicas, justamente por serem solúveis em água, seu excesso acaba sendo eliminado principalmente através da urina.
O outro grupo compreende as Vitaminas Lipossolúveis ( Vitaminas, A, D, E, K ), Em excesso acumulam-se no tecido adiposo, podendo ser tóxicas. Os sintomas mais comuns ligado a sua toxidade são: Anorexia, Cefaléia, Diarréia, Calcificação renal e em alguns casos pode até levar à morte.

Os Perigos

Um estudo realizado nos Estados Unidos, apresentou resultados que depunha contra a Vitamina C. Em altas quantidades, ela barraria as ondas de radioterapia, dando força as células cancerígenas. Em contrapartida, pequenas doses protegem o organismo contra os radicais livres, vilões produzidos pelo próprio organismo, que em grandes quantidades danificam as paredes das células.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COLORS/CORES

THE ALPHABET SONG

TEXTO DE CAIO FERNANDO ABREU

 
Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em vc.
Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança.
Não são pensamentos escuros, embora noturnos…
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você.
Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana.
Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então.
Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas.
Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros.
De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento.
Ser novo.
Mesmo que a gente se perca, não importa.
Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro.
Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.. . .
E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.
 
 
 
Caio Fernando Abreu